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terça-feira, 23 de novembro de 2010

Capítulo 21

HATING YOU
por Little Monster

                O sol entrava pelas frestas entre as pesadas cortinas de veludo vermelho e de franjas douradas, iluminando pequenas partículas de poeira que subiam em seu feixe de luz, destacando as cores dos objetos, esquentando as grandes camas de dossel do dormitório feminino da Grifinória, e o gelo se derretia nas janelas e gramados do castelo.
                 Kaisha roncava baixinho abraçada com seu pônei roxo de pelúcia, suas roupas amassadas e espalhadas em volta de sua cama, saindo do malão aberto. Na cama ao lado, Alice Vermount dormia num sono pesado e imóvel, tão imóvel que a fazia parecer sem vida, tendo essa ideia traída somente pela respiração leve que fazia seu peito subir e descer. Kathleen Hill havia saído para tomar café no Salão Principal, e Gabrielle DeLarge dormia no sono agitado de sempre, abraçada com seu travesseiro.
                Sentiu seu corpo quente, a temperatura começando a incomodar. Chutou os cobertores pesados e tentou continuar a dormir, mas a luz era tanta que a deixou desconcentrada. Olhou para o dossel da cama, tentando organizar os pensamentos sonolentos, no que teria que fazer hoje, e repentinamente, alguns flashes da noite passada apareceram em sua cabeça: Chuck.
                Tinha sido verdade? Meu deus, ela mal se lembrava do que havia acontecido, estava com tanto sono... Conversaram... Fizeram as pazes... Paz. Um acordo de paz. Mas paz para quê? Não estava acontecendo absolutamente nada para que precisassem de paz, a única coisa era que Chuck podia ser extremamente desagradável com ela e com as pessoas em volta... Mas isso não ia mudar nem com um tratado de paz mundial, ele era um mauricinho mimado e metido, sem dúvidas quanto a isso.
               Não podia negar que sua companhia era agradável: ele era engraçado, inteligente, e digamos que fornecia uma boa visão, mas em compensação tinha um ego enorme.
               "Tem uma coisa que você ainda não aprendeu..." Ela podia ouvir a voz dele em seu pensamento, tão perfeita quanto na realidade. "... Meu nome é Chuck Black."
               Gabrielle riu da recordação, ele era realmente hilário.
               Mordeu seu lábio inferior e saiu da cama em direção ao banheiro, tomou um banho quente e demorado, escovou os dentes, vestiu a roupa vermelha dourada e preta de Hogwarts que repousava numa pilha de roupas limpas perto de sua cama, recém trazidas pelos elfos domésticos. Parou em frente ao espelho, prendendo os longos cabelos castanhos num rabo-de-cavalo e passou um pouquinho de maquiagem: estava com uma cara horrível.
                Agarrou a mochila e os livros e saiu correndo para o apinhado Salão Principal, onde vários alunos já enchiam seus pratos com as deliciosas guloseimas do castelo e riam de boca cheia de alguma piada idiota feita pelo colega ao lado.
                Gabrielle passou pela mesa da Grifinória procurando Wes, quando seus olhos foram atraídos pelos gêmeos Weasley, que ao contrário do usual, estavam afastados de todos na grande mesa, aos cochichos e olhares nervosos, como se temessem serem ouvidos. Franziu o cenho: que coisa mais estranha... O que era aquilo que Jorge tirava do bolso? Parecia um docinho muito saboroso...
                Vindo dos gêmeos, aquilo não poderia ser apenas um pequeno e inocente doce, então Gabrielle diminuiu o passo e se aproximou o quanto pôde sem parecer suspeita.
                - Você acredita no quanto estamos vendendo, Fred? Logos nós vamos dar o fora desse castelo...
                - Nosso estoque de nugá-sangra-nariz está quase esgotado... As vomitilhas também. Imagine a febre que vai ser quando descobrirem esse sonhe-com-Willy-verruga... Quantos alunos apagando no meio das aulas pra acordar só no outro dia? – Fred riu baixo.
               - Precisamos tomar cuidado com o velhaco do Filch, ele está desconfiando do número de pessoas na Enfermaria... – Jorge indicou Argo Filch, o zelador, montando guarda ali perto, vigiando os dois e rogando pragas. – semana passada, ele me perseguiu com uma raquete na mão... Bem que o professor de Estudo dos Trouxas estava reclamando de roubos...
               Gemialidades Weasley... Nada demais, só o usual.
               Encontrou Wes com a boca cheia ao lado de Felix e sentou-se ao lado dos amigos.
               - E aí gente? – ela sorriu enquanto colocava o material de lado – dormiram bem?
              - Dormi... – Felix mexia seu suco de abóbora, olhando para um pedaço de pergaminho na mesa.
               Wes apenas assentiu animadamente com a cabeça, pois Felix gritava com ele quando falava de boca cheia.
              - Ei... Que é isso Felix? – Gabrielle espichou o pescoço para o pedaço de pergaminho, franzindo o cenho.
               - Ah, nada demais - deu de ombros – estava ouvindo a Professora Sprout comentar com Snape sobre os exames de aparatação depois do natal e resolvi anotar a data para não esquecer...
               - Como se um dia você fosse esquecer de alguma coisa... – resmungou Wes, mandando outro pedaço de torta de chocolate para a boca. – pelo amor de deus Felix, o exame é só depois do natal...
                - Que legal...
               - É, e acho que vou prestar... Afinal, o que custa não é? – Felix sorriu e passou o pergaminho para Gabrielle – você vai?
                - Acho que não... Não sei. Não adiantaria muita coisa pra mim, sou um desastre – ela riu, cortando um pedaço de bolo.
               - Eu vou... Vai ser demais! Imagine só poder simplesmente aparecer num lugar de repente, na hora em que você quiser...! – Wes apontou o garfo para Felix – as garotas iam pirar...
               - Se você não destrunchar uma perna antes. – Felix olhou para Wes com ar de censura.
               - Ouvi dizer que essas aparatações são muito perigosas... Preciso pensar se vou ou não. Cuidado hein Wes, não ia querer ver meu gordinho de muletas. – ela apertou as bochechas dele carinhosamente e fez um biquinho.
               Wes revirou os olhos.
               - Quem está pensando em usar muletas? – Emily sorria ao se sentar ao lado de Felix.
               - Wes. – Gabrielle apontou para o amigo.
               - Eu recomendaria um óculos de sol, é mais tendência do que muletas sabe...
              - Não é isso! Estávamos falando sobre prestar o exame de aparatação, e que é perigoso, podemos destrunchar partes do corpo...
               - Ah, agora eu entendi... – Emily sorriu para Wes. – mas não estou dizendo que você não ficaria uma gracinha de muletas...
               - Pelo amor de deus, vocês duas! – ele olhou feio para as duas garotas, que riam, e começou a resmungar baixo.
               - Meninas, o que vocês acham de todos nós adotarmos o visual Wes, vamos todos comprar muletas antes de prestar o exame... – Felix sugeriu com sua cara de sacaneando-Wes enquanto Gabrielle passava o pergaminho para Emily.
               - Vou falar onde vou enfiar essas muletas se você não parar com isso Felix. Vocês amam me encher o saco...

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              Os alunos freqüentaram suas aulas como de costume, a não ser pelo elevado grau de dificuldade que estavam tendo, pois o sexto ano era realmente difícil, até para os alunos mais inteligentes, que tinham muitas vezes que pedir para os professores repetirem a explicação mais de uma vez.
             Dirigiam-se para a última aula do dia, Emily, Gabrielle e Wes atravessaram os corredores apinhados de alunos e finalmente chegaram à familiar sala de Adivinhação da professora Sibila Trelawney. A sala, como de costume, estava repleta de fumaça para dar aquele ar místico, a luz baixa, o cheiro de incenso e os pufes perto de bolas de cristais.
               - Que beleza... Mais uma aula maravilhosa de pura magia. – ele resmungou enquanto se sentava em frente a uma bola de cristal, olhando para ela como se fosse uma continuação da mesinha.
               - Vai Wes, concentre seu chacra interior e mande a ver.
              A aula de Adivinhação havia sido uma tragédia, nenhum aluno parecia possuir o dom para a disciplina, soltando coisas como "Estou vendo uma garota muito linda... Morena de olhos verdes... Está olhando para mim... Ah não, espere, esse é o meu reflexo...”.
              Mas o pior a acontecer foi quando a Professora Trelawney perguntou à Wes o que ele estava vendo em sua bola de cristal:
              - Eu vejo... Um grande morcego preto... Com um nariz enorme... Não sabia que os narizes de morcegos podiam chegar a esse tamanho, professora Trelawney... Talvez seja um vampiro... – ele pareceu refletir, olhando a imagem – É, é definitivamente um vampiro, e não está em seus melhores dias, coitado...
              A Profª. Trelawney ergueu os olhos para a porta e viu Prof. Snape parado na soleira, fitando Wes com cara de poucos amigos. Nada disse, apenas ergueu o queixo e sibilou com sua voz intimidadora:
               - Professora Trelawney, Dumbledore precisa vê-la imediatamente em sua sala.
               - Oh, o que será? Harry Potter finalmente cumpriu seu destino, Severo? Tão jovem... Tão jovem... – ela balançava a cabeça, fazendo os cabelos armados voarem exasperadamente, e seu olhos gigantemente ampliados pelas grossas lentes de seus óculos piscando. – Severo... Será que poderia tomar conta de minha sala só um instante? – suplicou – não posso deixá-los sozinhos... Sabe como são os alunos...
               Snape passou os olhos pela sala com desprezo, crispando os lábios finos em desaprovação.
              - Esta não é minha função.
             - Ah, eu sei meu querido... Mas é uma urgência... Faça isso por Dumbledore, sim?
             E deixou a sala.
            Os alunos pararam completamente de tentar enxergar alguma coisa nas bolas de cristal, mas permaneceram quietos sob os olhos negros de Snape.

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             Gabrielle ria loucamente ao descer a escada na saída da sala de Adivinhação, fazendo imitações de Snape olhando para Wes em sua versão de vampiro, e Emily a acompanhava. Wes tentava segurar o riso, vermelho de vergonha, mas por fim acabava gargalhando com elas.
              Passaram por um trecho escuro e vazio no caminho para o Salão Principal, onde o jantar já estava sendo servido, quando Gabrielle ouviu pessoas cochichando ali perto. Parou de andar, reconhecendo as vozes:
              - Você vai fazer exatamente o que eu mandar você fazer, Steve. Você precisa de mim, e sabe disso. Por que está todo nervosinho? Não vamos ser pegos se você não abrir sua boca enorme. – Era Chuck, sua voz tão letal quanto a de Snape, só que bem, bem mais agradável de se ouvir, principalmente da forma que sussurrava agora.
              - É claro que vamos ser pegos Chuck! – Steve se alterava, o nervosismo evidente em sua voz esganiçada – Bryan caiu fora, abandonou o posto dele, alguém deve ter visto e está prestes a acabar com a gente, sem ao menos sabermos!
              - Nada vai dar errado. Bryan já teve a punição dele, e acho que você não ia gostar de receber a sua.
              Gabrielle parou e se aproximou mais, os amigos em seu encalço.
              - Então é melhor que você não dê pra trás agora, Steve, ou vai se arrepender.
              - Quem você acha que é pra falar assim comigo Chuck? Eu não sou seu empregado! Pra falar a verdade eu não tenho medo de você... Eu faço o que quiser! – A voz dele se tornava mais aguda a cada palavra.
              - Cala a boca Steve, ou vamos ser pegos nessa droga de corredor. Escute, essa boca enorme é sua e você tem todo o direito de abri-la, só quero que saiba que, se meu nome aparecer no meio por um acaso, eu acabo com a sua vida, e você sabe... Como eu sou bom nisso. – Sua voz não estava alterada, pelo contrário: Estava tranqüila e controlada, perigosamente calma e polida, um mau sinal.
             - Você fala como se fosse nosso chefe ou coisa assim... Fala como se não passássemos de empregadinhos seus, tendo que participar do seu plano ridículo e nos meter em confusão... O Prof. Flitwick está uma fera, ele é o diretor da Corvinal, cara! O que você acha que vai acontecer se formos pegos? Nós vamos ser expulsos! Você meteu a gente nisso e agora vai ficar todo bonitão de boa enquanto eu e os rapazes nos ferramos? Você vem junto Chuck!
              O queixo de Gabrielle caiu, não sabia do que falavam, mas coisa boa não poderia ser, estavam falando de serem expulsos... E mal podia acreditar que Steve estava falando com Chuck daquele jeito, ele e os outros meninos haviam sempre sido tão... Obedientes.
               - Você fala pelos outros? Eles mandaram você vir reclamar comigo?
               - Não, mas é a pura verdade, sei que eles também se sentem assim!
              - Você não sabe de nada. Os outros são de confiança, mas você... Você, Steve... Não passa de um covarde. Não é à toa que pertence à Sonserina, são todos covardes.
             Steve fungou, e Gabrielle imaginou Chuck bem próximo a ele, como que o encurralando, deixando-o o mais intimidado possível, o mais vulnerável, sem saída, sem escolha a não ser abaixar a cabeça. Emily tapava a boca com as mãos, atenta, e Wes se apertava contra a parede, tentando ouvir melhor.
               - Eu fiz tudo perfeitamente, esse plano não tem defeitos, por mais que o idiota do Knight tenha ficado assustadinho com algumas azarações idiotas, a localização que eu escolhi estava perfeita e longe do campo de visão de qualquer um. Dei minha palavra que vocês não se prejudicariam, e eu sou um homem de palavra, não sou?
               Steve grunhiu baixo, descontente.
               - Ótimo, que bom que concorda. Agora suma da minha frente.
               Ouviram passos indo em sua direção, e os três se meteram atrás das armaduras que enfeitavam o corredor, escapando de serem vistos por Chuck ou Steve. Gabrielle sentiu as pernas tremerem e sua respiração falhar: Aquilo era muito, muito ruim. O que ele tinham aprontado? Precisava descobrir... Seria alguma coisa com ela? Chuck tinha mentido quando dissera que queria que ficasse tudo bem entre eles? Não... Aparentemente esse plano já havia sido executado...
              Olhou para Emily e depois para Wes, que ainda mantinham suas expressões de choque quando saíram de trás das armaduras.
               - Elle... Você precisa tomar cuidado com ele... É bem pior do que você pensa... Você ouviu como ele disse aquelas coisas? Precisamos avisar a Alice... – Os olhos da amiga estavam arregalados.
               - Alice vai ficar bem... Acho que quem se deu mal foi outra pessoa... Não se preocupe Emmy.
              Wes abraçou Emily. Gabrielle mal podia pensar direito, ainda olhava para a direção onde Chuck havia desaparecido, sentindo a curiosidade crescer mais a cada segundo. Viraram o corredor depois de um tempo e continuaram seguindo para o Salão Principal.
              - Vocês sabem de alguma coisa gente? Alguma coisa relacionada ao que ele estava falando? – Emily andava rapidamente, falando com igual velocidade.
              - Emmy fica tranqüila... Pelo jeito que eles estavam falando aquilo já passou, estavam é com medo de serem pegos... Acho que alguém desconfia... – ele segurou sua mão.
              Enquanto os dois lançavam mais teorias sobre o que tinha sido aquilo, Gabrielle mantinha-se em seus próprios pensamentos... Aquilo parecia um plano de vingança no qual Chuck convencera seus amigos a participar... Alguém que ele odiava muito e queria se vingar... Mas quem? Seria algum caso de rivalidade antiga? Ou uma coisa mais séria? Pelo jeito que conversavam parecia ser realmente sério... Suspirou.
              - Vocês acham que aquilo foi sério e que estão realmente encrencados? Afinal, eles falavam de expulsão... Precisa ser sério...
              - Acho sim... – Emily acenava para um colega na mesa da Lufa-Lufa conforme adentravam no Salão Principal.
              - Ou então eles estavam apenas exagerando... Mas eu não sei... Do jeito que o Chuck é ele poderia estar apenas...
              - Apenas o quê?
              - Não sei. – Wes deu de ombros – exagerando mesmo, acho...
              - Mas vocês ouviram o tom de urgência na voz do Steve? O medo? Gente, eu preciso descobrir do que se trata, não estou com bons pressentimentos quanto a isso...
             E realmente não estava. Gabrielle sentia algo apertando seu peito, uma aflição, um sentimento de que algo estava seriamente errado e que talvez não pudesse acabar com aquilo.
              Mordeu o lábio inferior e tentou se acalmar, por mais que a voz suave e perigosa de Chuck não saísse de sua cabeça, por mais que o frio na barriga só aumentasse. Deveria falar com ele? Talvez mais tarde...
              Passou os olhos pelas quatro mesas e não encontrou Chuck e nem Steve, quando olhou na mesa da Sonserina. Se conformou em sentar e comer, por mais que tivesse perdido toda a fome.
              - O que tá acontecendo? Estão tão quietos... Geralmente eu nem consigo ler quando estou perto de vocês... Parece que alguém morreu aqui, que foi? – Era Felix, que havia acabado de chegar de sua última aula, de Runas.
              - Ouvimos uma conversa suspeita no corredor enquanto vínhamos para cá... Acho que o Black está aprontando de novo e estamos com medo de saber o que é...
             - Medo? – Gabrielle ergueu os olhos para encontrar os de Wes – não estou com medo. Estou sentindo por outra pessoa, porque coisa boa daí não pode ter saído.
              - O que ele disse?
             Gabrielle contou detalhadamente cada parte do que tinham ouvido, mas Felix não pareceu achar grande coisa, optando por apenas mais um pequeno conflito entre garotos adolescentes cheios de hormônios. Bem que ela gostaria de também pensar o mesmo.
             - É sério... Se eu fosse você, eu nem estaria me preocupando com isso... Devem ter trocado uns soquinhos por causa de quadribol, ou por uma garota... Esses meninos de hoje me envergonham. – e continuou a tomar seu suco, folheando o Profeta Diário da manhã. Ergueu os olhos do papel depois de alguns minutos – Ei... O Ministério está pegando pesado... Chamando Dumbledore de velho caduco, insinuando que não tem mais qualificação ou sanidade para continuar no cargo de uma escola de magia tão importante quanto Hogwarts...
             - QUÊ? – Gabrielle agarrou o jornal e trouxe para perto de si, não era possível... Adorava Dumbledore e McGonagall... Qualquer coisa negativa sobre esses dois era impossível de considerar – meu deus... – ela sussurrou – Isso deve ser coisa daquele ministro babaca e daquela sapa velha da Umbridge!
              - Deixa eu ver! – Wes e Emily entoaram em couro, puxando o jornal ao mesmo tempo e arrastando-o para perto dos olhos.
             - Pô! Não acredito! Que saco! Já não bastava ficar publicando notícias sobre o Potter, falando que o cara é pirado, que é mentiroso,que é o caramba a quatro, e que Você-Sabe-Quem não está voltando, já não bastava o Ministério dizer que está tudo sob controle e que o único perigo é o Sirius Black... O que eles fazem? Quer saber o que eles fazem? Eu digo o que eles fazem! Eles nomeiam uma sapa velha Alta Inquisidora de Hogwarts e agora dizem que o melhor diretor que Hogwarts já teve não é bom o suficiente?
             - Wes, você leu esse jornal de manhã. - lembrou-o Felix.
             - E DAÍ? EU NÃO POSSO FICAR INDIGNADO DUAS VEZES?
            Wes fulminou a mesa dos professores com o olhar, se tivesse poderes mentais, a cabeça de Umbridge explodiria naquele momento. Deu graças a deus por não estar no quinto ano, pois era o alvo principal de Umbridge, o ano que Harry Potter fazia parte. Os alunos do sexto ano não se manifestavam quanto às aulas horrorosas de Umbridge, nem de sua voz irritante, nem de sua cara de sapa velha e muito menos de suas roupas assustadoras, pois sabiam que as detenções dadas por ela não eram nada agradáveis, e corria um rumor de que fossem muito piores do que as dos outros professores. Drake Newlmann havia pegado uma, e nunca mais falou sobre o assunto.
             - Eu sabia que o Ministério estava interferindo em Hogwarts, mas não a esse ponto... Chega a ser absurdo contestarem a autoridade e a capacidade de Dumbledore... É ridículo. – se indignou Gabrielle, olhando incrédula para a foto de Dumbledore no Profeta.
             - Vocês acham que a Umbridge vai tomar o lugar de Dumbledore? – perguntou Emily
             - Sinceramente? – Felix puxara o jornal de volta, dando uma boa olhada na matéria – acho que o Ministério pode até tentar, mas não vai dar certo. Vocês sabem como ela é seleta, o quanto ela preza os sangue-puro e enoja os trouxas, mestiços e qualquer coisa que não seja... Digamos... Normal demais. Alguém assim não pode tomar o comando... Simplesmente não deve.
            - Mas não é uma questão de dever ou não, é uma questão de poder, Felix. É o Ministério, não se esqueça. Já ouvi dizer que o Ministério oculta morte de trouxas e bruxos causadas por Você-Sabe-Quem... Ouvi dizer coisas horríveis... E tirar Dumbledore de Hogwarts não seria nada para quem está tentando esconder a verdade desesperadamente... A qualquer preço.
             - Então você acha que Você-Sabe-Quem voltou?
             - Acho. Não só acho como tenho certeza... Acredito em Harry Potter e acho que vai tentar chegar ao máximo poder... Vai querer ser o Ministro da Magia, vai querer dominar a tudo e todos, e vai querer tomar Hogwarts.
             - Nossa gente... Vocês acham que isso pode acontecer um dia? – as sobrancelhas de Emily estavam erguidas, como se estivesse assustada – Acham mesmo que Você-Sabe-Quem vai querer invadir Hogwarts?
             - É só uma teoria – Gabrielle deu de ombros – Vai querer chegar ao cargo máximo e não vão cedê-lo, então ele vai se revoltar. Mas uma coisa eu digo a vocês. – ela deu um sorriso sombrio – estarei aqui para lutar pela escola até o fim.
             - É, eu também. – Wes parecia apreensivo, com o olhar fixo em Gabrielle.
             - Você pode estar exagerando um pouquinho Elle, mas eu também. – sorriu Felix.
             - Até o Fim... – suspirou Emily.
             - Ei, você é Gabrielle DeLarge?
            Ela se virou para dar de cara com uma menininha caloura de chiquinhas no cabelo, com um ar sapeca.
             - Sim, sou eu... – ela deu seu melhor sorriso para a garotinha.
             - Profª. McGonagall quer te ver na sala dela agora... Disse que é muito importante que você vá assim que puder... – a menininha deu um sorriso de dentes tortos e saiu correndo pra se juntar às amiguinhas na ponta da grande mesa.
             - Ahm? McGonagall quer me ver? Na sala dela? Que será? – indagou ela – será que eu fiz algo de errado? Wes, acho que vão te chamar também, devem estar bravos por causa do comentário que você fez de Snape... Ou das azarações que o Bryan levou...
             - Será? – Emily franziu o cenho – mas não teriam nos chamado antes?
             - Vai ver aquele idiota só deu com a língua nos dentes agora... – Felix revirou os olhos.
             - Anda Gabrielle, vai logo! Se você ficar aí conversando com a gente nós não vamos saber nunca né! Vai! – Wes empurrou a amiga para fora do banco de madeira – encontre a gente na sala comunal.
             Gabrielle se viu parada a alguns metros da mesa da Grifinória, se perguntando o que é que tinha acontecido. Sentiu aquela familiar sensação de frio na barriga e seguiu em frente, o que quer que seja, enfrentaria de cabeça erguida, afinal, é isso o que os Grifinórios fazem.

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