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terça-feira, 23 de novembro de 2010

Capítulo 20

HATING YOU
por Little Monster

               A sala comunal da Grifinória era uma grande fornalha de alunos animados e agitados, que no momento carregavam o time de quadribol nos ombros e jogavam Harry Potter para o alto enquanto berravam o hino da Grifinória. Wes estava a toda, se balançando, empolgado, no ritmo do hino, batendo palmas e sorrindo para Emily.

                - Pelo amor de deus gente, estamos no sexto ano, precisamos estudar... – Felix resmungava como de costume sentado ao lado de Wes com seu livro no colo.
                - Nossa... Verdade... – Gabrielle mordeu o lábio nervosamente, dando uma olhadinha de esguelha para a pilha de deveres em cima de uma mesinha ali por perto – mas nessa animação desses meninos nem tem como pensar nisso agora...
                - Relaaaaxem gente... Nós somos bons, nós damos conta... – Wes se espreguiçava e abria um sorrisão para Emily – e você gatinha, quer estudar também? Não prefere curtir a vitória dos leões?
                - A vitória, acho... – ela deu de ombros.
                Fred e Jorge apareceram como que se tivessem simplesmente aparatado ali, sem serem vistos enquanto se aproximavam.
                - Ei garfoman, - Jorge sorria – queremos pedir desculpa pelos balaços...
                - É, sabe como as coisas são, os balaços saem do controle às vezes... – completou Fred.
                - Não queríamos machucar você...
                - Não, de forma alguma machucaríamos você pra poder sair com a sua namorada enquanto você estivesse na enfermaria...
                Wes estreitou os olhos, tornando-se subitamente vermelho. Parecia prestes a voar nos gêmeos a qualquer instante.
                - Vocês... Saiam... Agora...
                - Cuidado Fred, ele pode estar escondendo um garfo em qualquer lugar... Eu não me aproximaria...
                Wes correu atrás dos gêmeos, se enfiando pela bagunça de alunos à sua frente.
                - Esses dois não têm jeito mesmo hein... Por que será que gostam de perturbar o Wes? Coitado... – Emily franzia o cenho para a multidão, na direção onde Wes acabara de desaparecer.
                - Ah, não se preocupe com isso... – era Hermione Granger, sentada ali perto, tricotando toquinhas de lã – conheço bem Fred e Jorge e eles perturbam basicamente todo mundo... – a menina balançou a cabeça negativamente, desaprovando.
                - Sério? Arght. Wes sempre fica de mau humor...
                Gabrielle observava alguns alunos empolgados bebendo cerveja amanteigada e dançando na boquinha da garrafa, e ria. Num canto mais afastado da sala comunal, estava Chuck Black, se pegando com Felicia na parede. Desviou os olhos, sentindo nojo, até quando aquilo ia durar? Será que a idiota não percebia o que ele queria? Bom, de qualquer forma, ela ia ter o que merecia. Apertou o cachecol vermelho e dourado em volta do pescoço e tentou prestar atenção no que se passava à sua volta, mas sentiu o olhar de Chuck na sua direção.
                Felicia o abraçava calorosamente, de olhos fechados, mas ele não tinha a mesma compaixão, mantendo os olhos nela como se tentasse desafiá-la a se aproximar.
                - Ei Elle, vamos dançar? – Alice aparecera ali, e sorria meigamente para a amiga, ainda com alguns flocos de neve no cabelo.
                - Ahm... Claro, vamos lá...
                Dez minutos depois estavam acabadas no sofá vermelho, rindo loucamente. Os alunos iam se retirando para seus dormitórios pouco a pouco, inclusive Felicia, o que resultou em Chuck encurralado na parede por um grupinho de meninas mais novas querendo dançar com ele. O incrível era que ele parecia nem notá-las ali, não respondia, muito menos se dava o trabalho de olhar pra elas, apenas mantinha o olhar no sofá vermelho.
                - Nossa... Você reparou como o Chuck está lindo hoje? – Alice deu uma risadinha nervosa, olhando para ele do outro lado – Não é a toa que ele te dá problemas...
                - Ele não me dá problemas – Gabrielle franziu o cenho, olhando feio para Chuck – ele nem é tão bonito assim.
                - Por que você não fala isso pra ele? Ele tá vindo pra cá... – ela ria ainda mais.
               Gabrielle revirou os olhos impacientemente e cruzou as pernas. Até você, Alice? Ninguém é imune a esse cara? O que ele queria agora?
                - Olá... Estive observando a senhorita do outro lado da sala e não pude deixar de pensar que uma garota linda como você não fica muito tempo sozinha, é melhor agir rápido: quer dançar comigo?
                Gabrielle nem virou o rosto, simplesmente fingiu que ele não estava ali.
                - Ahm... – a voz de Alice era insegura, e a menina olhava para Gabrielle como se pedisse permissão, mas não teve o olhar retribuído – Tá, tudo bem...
               Espere aí. Alice dançando com o Chuck? Aaaah ele queria deixá-la mais fula do que ela já estava, pegando todas as suas amiguinhas e incluindo em seu harém particular? Pelo amor de deus, Chuck Black!
               Os dois se retiraram pra longe e foram dançar num canto mais afastado das outras pessoas. Gabrielle tentou não olhar, mas sua curiosidade foi maior: Chuck dançava bem próximo a uma Alice vermelha e sem graça que mal conseguia olhar nos olhos intensos do menino.
               - Que foi meu amor... Próximo demais a ponto de te deixar sem graça? – ele sussurrou, virando o rosto de Alice delicadamente na direção do seu.
               Alice mordeu o lábio inferior e sorriu tímida, optando por não dizer nada e permanecer com os braços em volta do pescoço dele.
               - Esse cara não perde tempo hein... – as sobrancelhas de Emily estavam arqueadas de surpresa.
               - Ah... Não mesmo, cuidado porque a próxima pode ser você, ou o Wes.
               - Nada de Wes! E se ele tentar chegar perto da Emily, ele vai ver o que é bom! – Wes havia acabado de voltar da caça-aos-Weasley e se sentara ao lado de Emily.
               - E o que você vai fazer com ele Wes? Espetá-lo com seu garfo? – Gabrielle não estava de bom humor.
               - Ahhhh você também está contra mim senhorita DeLarge? Pois saiba que eu tenho muitas outras habilidades além do meu garfo mortal!
               - Oown Wes, você é tão fofo! – Emily abraçava Wes com força, o que fez o menino ficar escarlate.
               Gabrielle viu Emily soltar Wes repentinamente ao ver sua carranca e olhar na direção de Chuck e Alice com uma cara de medo, que fez Gabrielle seguir seu olhar e se deparar com o casal se beijando intensamente ali no canto.
                Ah, ótimo, agora estavam todos se amando e em paz uns com os outros. Gabrielle bufou e se retirou para o dormitório, iria esperar até que todos fossem se deitar e iria terminar os deveres de madrugada. Muito melhor do que ficar e ver o idiota do Black fazendo pirraça pra ela.

________



                 A sala comunal estava completamente vazia e silenciosa, o fogo quase extinto crepitava levemente na lareira, as brasas alaranjadas ardendo. Gabrielle DeLarge dormia pacificamente em cima de seu pergaminho de três metros sobre as propriedades do bezoar, num sono leve tranqüilo. Sentiu mãozinhas cutucarem suas costelas delicadamente, abriu os olhos devagar e fitou a sala bagunçada pela comemoração: papel vermelho e dourado por todo o lugar, copos e pratos espalhados por qualquer superfície que fosse capaz de conte-los.
                - Ahm? Quem é você? – ela olhava para uma criaturazinha com dois imensos olhos do tamanho de duas bolas de tênis.
                - Eu sou Dobby, senhorita... Desculpe por acordá-la, mas Dobby precisa limpar a sala comunal da Grifinória, senhorita... Se importa...?
                - Ah... Ah... – ela piscava os olhos, sonolenta, ao perceber que adormecera enquanto fazia as tarefas – tudo bem, desculpa, Dobby. Eu até ajudaria se não estivesse tão cansada.
                - Tudo bem, Dobby não se importa de limpar, Dobby gosta de ajudar alunos da Grifinória... Muito corajosos e dignos... – os grandes olhos brilhavam de alegria, o que deixava Gabrielle um pouco assustada.
                - Senhorita, mandaram Dobby entregar isso... – Dobby apontava para um pequeno envelope endereçado a ela, e uma rosa negra ao lado deste, ambos pousados na mesa ao lado do braço da menina.
                - Quem?
                - Ele disse que o nome estava escrito no cartão, senhorita...
                - Ah ok, obrigada.
               Então ela se levantou e abriu o pequeno cartão:

Me encontre na Torre de Astronomia às duas horas.


Jimmy.


                O que será que Jimmy queria? Que coisa estranha... E essa rosa negra? Não era do feitio dele... Principalmente por ser monitor, se fosse pego fora da cama nesse horário estaria seriamente encrencado. Mas podia ser importante, ou então seria apenas mais alguma surpresa romântica? De qualquer forma, Jimmy teria que suportar sua cara sonolenta e lidar com isso, se era mesmo esse o horário que escolheria para os encontros...
                Ela olhou para o relógio e viu que era uma e quarenta, teria que se apressar.
                Agarrou o casaco, passou pela Mulher Gorda – que reclamou de ter sido acordada – e se moveu rápida e silenciosamente pelos corredores escuros e sombrios, ouvindo seus passos ecoarem pelas paredes, observando os quadros dormindo. Olhava para tudo ao seu redor, mas nem sinal de Filch ou Madame Nora, o que foi um imenso alívio, que permitiu que chegasse até a Torre de Astronomia sem ser pega. O que foi um alívio, é claro.
                Empurrou a porta destrancada da Torre e subiu as escadarias, chegando lá, foi temporariamente distraída pelo céu escuro que mostravam as janelas da torre, mas logo correu novamente, querendo falar logo com Jimmy e poder estar em sua cama quente e macia de dossel.
                Mas quem estava debruçado numa janela, observando o céu, não era Jimmy. Era Chuck. Podia ver o recorte de suas costas, seu cabelo desgrenhado e a roupa amarrotada. Observava o céu com uma expressão vazia e melancólica, por um momento parecia que seus olhos refletiam o cinza daquele céu triste, mas ela sabia em toda certeza de que o gelo deles não vinha do céu.
                - Achei que não viria... – ele sussurrou em meio à escuridão da torre, sem virar-se para olhá-la.
                - Ahm? O que você...? O cartão dizia Jimmy...
                - E de que outra forma eu conseguiria falar com você? É claro que você não viria se eu tivesse posto o meu nome.
                Gabrielle estava chocada.
                - Vamos lá, Elle, você já foi mais inteligente.
                Ela cerrou os dentes, segurando a língua, sentindo o velho e conhecido torpor de calor, de raiva, subindo pela espinha. Realmente, tinha sido idiota.
                Aquilo a fez pensar em Jimmy... Uma das coisas que a convencera de que era mesmo Jimmy, era que ela não o tinha visto hoje, e achava que era por causa do jogo de quadribol, imaginando que ele não gostaria de vê-la toda feliz pela derrota de sua casa.
                - Podia ter falado comigo hoje na festa, Chuck... Ah não, espere: Você estava ocupado demais enfiando sua língua na boca de várias garotas.
                - Por favor Elle... Não seja ciumenta. – ele suspirou, chegando mais perto – precisava falar a sós com você, sobre o que aconteceu no dormitório aquele dia... Você não fala mais comigo desde aquilo.
                Ela não disse nada, apenas olhava para aquele rosto perfeito à sua frente, tentando ignorar os belos traços moldados pelo contraste entre a pouca luz e a escuridão da torre. Algum tempo se passou, ele a olhava como se pensasse no que dizer.
               - E daí? Não faz nenhuma diferença. – Gabrielle se encostou na parede fria e apertou o casaco em volta do corpo.
               - Queria pedir desculpas.
               - O quê? – ela arqueava as sobrancelhas
               - Pedir desculpas. Eu não deveria ter falado com você daquele jeito.
               - Ok, acho que alguém está bêbado. Volte pra cama Chuck, nos falamos quando estiver sóbrio. - Ela virou as costas para se retirar, pensando no tempo desperdiçado e na cama quentinha esperando por ela no dormitório.
               Ele suspirou e se encostou na janela.
               - É tão difícil assim acreditar que estou arrependido? É sério Elle, eu gosto de você, mas posso me tornar um grande estúpido quando bebo.
               - Aaah, agora está explicado. Quando você bebe. Porque quando você não bebe, você é um amor, certo?
               Chuck riu baixo, mas Gabrielle não podia ver seu rosto direito.
               - Tudo bem, você pode achar que eu seja um pouco desagradável pra maioria das pessoas – o que eu discordo totalmente, mas isso não vem ao caso agora, porque eu queria te pedir desculpas e te oferecer um acordo de paz.
               - Que eu saiba não estamos em guerra, ou estamos?
               - Não... Ainda. Mas podemos entrar em uma, caso você não me perdoe.
               - Isso é uma ameaça, Black?
               - Não, não... Claro que não é... – ele ria – Elle, meu amor... Você precisa sair da defensiva só por um momento, por que não chega mais perto?
               - Não, obrigada.
               - Tudo bem... Pense nisso, nós podemos ser bons amigos, pra que ficar nessa situação chata? Ninguém gosta de coisas desse tipo, acho que nem mesmo você.
               - Haaaha, olha só, o grande percussor da paz mundial falando. Sério Chuck, o que você quer de uma vez? Eu estou morrendo de sono, e está frio aqui em cima.
               - Só quero conversar, só isso. – Ele estava agora debruçado sobre a janela, olhando para o céu. – mas você está na defensiva demais para isso, certo?
               - Arght, Chuck. – Gabrielle bateu a mão na testa e se aproximou contra a vontade, parando ao lado do rapaz na janela grande e aberta. – Tudo bem, pode falar.
               Ele estreitou os olhos como se avaliasse a palavra de Gabrielle, resolvendo se poderia ou não falar. Então ele pegou sua mão e apertou na sua, olhando diretamente em seus olhos.
               - Me desculpe. – ele sussurrou.
               Ela suspirou, tentando conter a impaciência. Qual é a desse cara? Pra que isso agora? O que ele quer, pelo amor de deus?
               - Chuck... – olhava para sua mão como se fizesse parte de outro corpo e não do dela – Pra que você está fazendo isso? Você já tem tudo o que queria, o que mais você pode querer?
               - Não posso me sentir arrependido? – ele levou a mão da menina aos lábios, deixando ali um leve beijo.
               - Por favor, vamos ser sinceros. Não estou a fim de joguinhos, estou morta de cansaço. Abrevie por favor. O que você quer?
               - Você.
               - Ah, fala sério Black. – ela tirou sua mão da dele abruptamente e revirou os olhos.
              Chuck mordeu o lábio inferior, como se estivesse chateado. Droga, ele tem que fazer essa cara?
               - Tudo bem, eu te desculpo, já posso ir? – Gabrielle ergueu as mãos como se rendesse
               - Você ainda está chateada. – ele afirmava, e não perguntava.
               - Sério – Gabrielle olhava pra ele parado ali, todo esplendido em sua beleza em plenas duas horas da manhã, todo manso, enquanto ela estava morta de cansaço, de sono, e de mau humor, e de cabelos bagunçados. – você é um babaca e nada vai mudar isso. Você vai continuar me machucando, e machucando as outras pessoas. Você é mau.
               Chuck soltou uma gargalhada, parecendo se divertir muito com o que Gabrielle acabara de falar.
               - Mau? – ele ainda ria - Por causa das coisas que você me ouviu falar? Você não sabe o que é mau, Elle. Eu posso ser bem pior do que qualquer coisa que você já tenha visto. – Chuck sorria de uma forma devastadoramente charmosa, e chegava bem perto de Gabrielle, encurralando-a na parede da torre – mas não com você, se você não quiser que eu seja... Eu gosto de você. – ele enrolou uma mecha dos cabelos da menina em um dos dedos, mas logo voltando sua atenção para o rosto dela.
               Alarme: Próximo demais, próximo demais. Chutar Chuck Black pra longe ou esquecer o orgulho que você tanto preza, senhorita DeLarge. Mas ela simplesmente não estava conseguindo tirar os olhos daquele rosto lindo, desviar o foco daquela voz... Só conseguiu expulsar um filete de voz baixa:
               - Acho que não te conheço muito bem... Não estou gostando disso, Chuck.
               - Não precisa ter medo – ele riu baixo, sentindo prazer em ver a expressão de Gabrielle, se poupando de mais palavras para apenas olhá-la.
               Gabrielle engoliu a seco e respirou fundo, sentindo de repente que ficava mais difícil respirar perto dele. O que tinha de errado com esse cara? Sempre se perguntava a mesma coisa mas ficava difícil achar a resposta... Ele era lindo com um anjo, mas era mau e perverso, como um diabo. E era tentador como um diabo também, ela que o diga.
               Chacoalhou a cabeça quando percebeu que já estava ficando tonta de olhar para aquele ser tão próximo e lutar contra as próprias forçar para não ceder, e por fim conseguiu plantar uma mão no peito dele e o afastar o suficiente para conseguir respirar.
                - Onde estávamos mesmo? – Gabrielle lutava pra recuperar a pose, se aprumando da melhor forma que podia, estando descabelada e trêmula de frio. – Paz... Hm. Tudo bem, eu te desculpo, mas você fica longe de mim e de minhas amigas. – ela frizou bem essa parte enquanto falava, tendo um flashback de Chuck se amassando com Alice.
                - E qual é a vantagem de estar de bem com você e não poder falar com você? – ele havia se afastado e cruzado os braços, apoiado na parede casualmente, como se tivesse acabado de chegar. – não seja má comigo, Gabrielle DeLarge.
                - A vantagem é não levar um soco.
                - Que foi? Achei que você não se importasse que eu tivesse um pouco de diversão com outras garotas... Não sabia que tinha que ser exclusivo.
                Ela podia ouvir o riso em sua voz, por mais que no momento estivesse debruçada na mesma janela que Chuck estivera há minutos atrás, fitando as estrelas assim como ele, o mesmo céu frio e cinza, a mesma escuridão. Sentiu seu corpo pedindo por descanso, e o cansaço das semanas de aulas exaustivas e sem muitas pausas a tomar seu corpo naquele momento, não deixando que se desse o luxo de ficar brava pelo comentário.
                - Faça o que você quiser, mas fique longe das minhas amigas. Assim pelomenos eu sei que você não está fazendo pirraça.
                - Pirraça? – Ele se encostara ao seu lado, olhando-a atenciosamente, quase encostando em seu braço – Elle... Você realmente não me conhece. Eu não sou um cara de pirraça, eu sou um cara de vingança.
                - Então aquilo foi vingança por te ignorar? Uau... Você precisa melhorar, Black.
                - Aquilo fui eu me divertindo, apenas. Eu gosto de garotas bonitas.
               Gabrielle bufou e deitou a cabeça pesada e sonolenta nos braços, fechando os olhos, queria aparatar em sua cama naquele momento, fazia tanto frio lá em cima...
                - Espero que eu nunca tenha que descobrir do que eu sou capaz...
                - Você fala muito, Black. Fique quieto e me deixe ir embora, pra minha cama quentinha.
                - Por isso te pedi desculpas... – ele continuou como se não tivesse ouvido, ignorando o ataque de sono intenso de Gabrielle - Porque não quero nada de ruim entre nós dois, é muito cedo para brigas não acha? E eu gosto da sua companhia.
                - Você sabe que só quer minha companhia porque não pode tê-la como deseja, e porque Jimmy a tem... Você gosta de brincar com as pessoas... – ela bocejou, franzindo a testa pra ele em seguida.
                - Você sabe que não é verdade... Você é especial pra mim.
                - Ah pelo amor de deus, você mente mal, Black.
                A mão de Chuck deslizou delicadamente pelas costas de Gabrielle, parando em sua cintura, até que a apertasse, a virasse para si, e a abraçasse. Era quente, cheiroso e confortável: um lugar muito difícil de se sair quando se estava com sono.
                - Chuck... – ela sussurrou – me ajuda a voltar pro dormitório, eu vou desmaiar na volta... – ela se afastara, massageando as têmporas, sonolenta.
                - Só se você me der um beijo. – ele a soltou completamente, como que demonstrando a fragilidade de seu corpo sem o auxílio do dele.
                - Fala sério Chuck... Eu vou desmaiar de sono, de verdade...
                - Você precisa de mim Elle... Só um beijo, isso não é nada, é?
               - Claro que é! – Gabrielle fulminou o garoto com os olhos e se apoiou na parede, indo até a saída da torre – tudo bem Black, vai ser do seu jeito, se acharem meu corpo estatelado numa escada amanhã, a culpa é sua...
                - Mulheres... Tão dramáticas... – ele revirou os olhos e foi pra perto dela – tudo bem, eu ajudo- ele sorriu – mas você vai ter que pedir.
                - Pedir? Eu já pedi.
                - Você quer ser encontrada morta numa escada Gabrielle? – ele estreitou os olhos acinzentados, encarando-a de forma séria.
                - Arght. – ela bufou, se dando por vencida – preciso de ajuda pra voltar... Por favor? – Gabrielle empurrou as últimas duas palavras por entre os dentes, de má vontade.
                - Pede direito Gabrielle...
                - CHUCK!
                - Tudo bem, isso serve. – ele riu e passou o braço da menina em volta de seu pescoço e a pegou pela cintura – você está realmente cansada, não?
                - Chuck eu te perdôo, você é lindo e tudo o mais, agora me leva pra lá ok? E nada de me beijar enquanto eu estiver dormindo no seu ombro... – ela apontou o dedo para ele ameaçadoramente, não sabendo mais se sonhava ou não, morrendo de sono.
                - Eu nunca faria isso Elle... – ele riu, levando-a para fora da sala – eu precisaria te desarmar antes...

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